A decisão do ministro Fernando Haddad de manter o kit contra a homofobia para ser distribuído às escolas de ensino médio, ainda este ano, irritou as bancadas católica e evangélica da Câmara.
É que Haddad tinha sinalizado a participação de parlamentares no debate do Kit, elaborado pela ONG Ecos Comunicação e Sexualidade, e que precisa ser aprovado pelo Comitê de Publicações do Ministério da Educação, além de representantes das universidades e das secretarias de educação municipais e estaduais.
Como o ministro voltou atrás, os parlamentares contrários ao Kit, ameaçam se articular para que o ministro Antonio Palocci, da Casa Civil, seja convocado nas comissões da Câmara para explicar denúncias sobre o crescimento do seu patrimônio em 20 vezes entre 2006 e 2010, quando era deputado federal.
O deputado evangélico com maior votação no Rio, Antony Garotinho (PTB) explicou a estratégia à Agência Câmara.
“Hoje em dia, o governo tem medo de convocar o Palocci. Temos de sair daqui e dizer que, caso o ministro da Educação não retire esse material de circulação, todos os deputados católicos e evangélicos vão assinar um documento para trazer o Palocci à Câmara”, afirmou.
Mas a estratégia das bancadas católica e evangélica não agradou a todo mundo. O líder do PR, deputado Lincoln Portela (MG)- que alegou na semana passada não ser contra a distribuição do kit, mas sim a didática usada para educar as crianças- afirmou à Agência Câmara, que o ministro Palocci não deve ser usado como moeda de troca.
“Uma coisa [kit anti-homofobia] não tem nada a ver com a outra [caso Palocci]. Devemos convocar o ministro se acharmos que ele foi desonesto, não para tratar de um assunto que nada tem a ver com a nossa posição”, avaliou.
Durante o encontro, as bancadas católica e evangélica aprovaram a realização de uma comissão geral, no Plenário da Câmara, para discutir a cartilha e a divulgação dos três vídeos contra a homofobia.
Na comissão geral seria discutido ainda o pedido de exoneração de Fernando Haddad, uma CPI sobre o Ministério da Educação e a obstrução de todas as votações, menos o texto-base do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) para o projeto de lei do Novo Código Florestal, que foi aprovado por 410 votos a 63 e uma abstenção, nesta terça-feira.
Resta saber se o governo vai ceder à pressão das bancadas para que o ministro Palocci não fique ainda mais exposto...
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